O país das maravilhas nunca mais foi o mesmo após a visita de Alice

Um mundo ilusório, cheio de fantasias e criaturas irreverentes, este foi o lugar encontrado pela personagem após cair na toca de um estranho coelho, que usava paletó e relógio de bolso. Mesmo com tantas peculiaridades, este lugar não foi maluco o bastante para vencer a personalidade Alice, uma menina de sete anos de idade, forte, inteligente e muito curiosa.

A heroína Alice foi criada em 1865 na Inglaterra por Charles Lutwidge Dodgson, sob o pseudônimo de Lewis Carroll. A personagem teve dois livros com seu nome: Alice no País das Maravilhas (Alice in Wonderland) e a sua sequência Alice Através do Espelho (Through the Looking-Glass). 

Elas fazem parte das obras mais famosas do gênero literário nonsense, em que Charles brinca com as palavras, a lógica e a fantasia para criar contos infantis que ensinam, de forma indireta, lógica, matemática e linguística para as crianças.

A origem de Alice

Apesar de Lewis ter negado em vida, a estória é amplamente identificada pelos estudiosos por ter sido inspirada em Alice Liddell, filha do reitor da igreja anglicana Henry Liddell, a qual Lewis frequentava e tinha amizade de longa data com a família. Segundo especialistas, 

Alice no país das maravilhas surgiu exatamente durante uma viagem de barco que Lewis fez com Alice e suas irmãs, em que ele narrou a estória para o entretenimento das crianças presentes. Alice Liddell divide o mesmo nome com a heroína do conto, mas não as características físicas, pois seu cabelo era curto e escuro. 

Meses depois dessa viagem, Dodgson decide reescrever o livro de forma comercial, porém, inicialmente ela levou o nome de Aventuras de Alice Embaixo da Terra e só depois ganhou o nome conhecido nos dias atuais.

O País das Maravilhas

No primeiro livro da saga, As Aventuras de Alice no País das Maravilhas, a personagem persegue um irreverente coelho branco, que utiliza roupas humanas e tem um relógio de bolso. Após cair no buraco do coelho, ela encontra um mundo novo, cheio de fantasia e criaturas antropomórficas. A história revela a lógica do absurdo, que está presente nos sonhos.

Além do coelho branco, esta obra tem várias outras personagens famosas, como o Gato de Cheshire, o Chapeleiro Louco, a Lagarta e a Rainha de Copas. Nela estão presentes várias sátiras, tanto dos amigos de Carrol quanto dos inimigos e até mesmo do próprio autor, além de paródias a poemas infantis da Inglaterra. Percebe-se ainda referências linguísticas e matemáticas vistas nos enigmas que tornaram a obra tão famosa.

Esse livro é o mais famoso da saga e ganhou várias versões, como rádio, cinema, arte, balé, ópera, musicais, vídeo games e outros. Ela é a obra mais ilustre do gênero literário Nonsense, que é caracterizado por desafiar a razão, a lógica e a linguagem.

O mundo visto de dentro de um espelho

Na continuação, Alice Através do Espelho, a personagem atravessa um espelho mágico que a transporta novamente para o País das Maravilhas. Porém, desta vez o mundo é visto ao reverso, da mesma forma como acontece no reflexo do espelho. Nesse sentido, a lógica está ao contrário em ações como, por exemplo, quanto mais a pessoa corre, mais ela se mantém estática, ou quando tenta se afastar de algo, mais o objeto se aproxima.

Em Alice através do espelho o Chapeleiro Louco volta a aparecer, e a história ganha ainda outros personagens igualmente famosos, como a rainha vermelha, a rainha branca, Humpty Dumpty, Tweedledum e Tweedledee.

Enquanto no primeiro livro Carrol utiliza o baralho como tema, no segundo ele explora o jogo de xadrez para traçar os acontecimentos do enredo. A cada vez que Alice atravessa um quadrado, caracterizado como uma nova parte da cidade, a história recebe influências das regras deste jogo.

Além de todos os acontecimentos mágicos que acontecem na história, o seu final tem um desfecho ainda mais enigmático. Os irmãos Tweedle revelam que a estória pode ter saído de um sonho do rei Vermelho e que Alice seria nada mais que uma simples personagem deste sonho. O livro termina nos levando a pensar sobre a nossa própria realidade através da frase: “Vida, o que ela é se não um sonho?”.

Porque Alice se tornou tão famosa?

Além de explicar conceitos difíceis para crianças, como lógica, matemática e linguística, o conto está cheio de temas feministas. Sua personagem principal é uma menina forte e inteligente, apesar do livro ter sido escrito em uma época em que as mulheres eram subjugadas. 

Ele tem personagens femininas fortes, como as rainhas, que têm mais ênfase na estória do que os próprios reis. Em sua versão para o cinema, Alice torna famosa a frase “Seja forte e corajosa”, que hoje é muito utilizada no movimento “Girl Power”.

Alice atravessou gerações e parece que vai continuar ganhando cada vez mais fama com o passar dos tempos. Além de um enredo interessante, a estória revela conceitos inteligentes de forma lúdica e irreverente. Com certeza ela é e vai continuar sendo o livro preferido de muitas crianças e de muitos adultos também.